Revista Bicycle
 

Mobilidade Urbana

 Mar 28

CICLISTAS VÃO PARA RUA, MESMO COM A SUSPENSÃO DAS CICLOFAIXAS EM S. PAULO


No primeiro domingo de suspensão das ciclofaixas de lazer na Capital, sob forte calor desde as primeiras horas da manhã, os paulistanos foram praticar a pedalada, mesmo sem segurança

As bicicletas estão sendo importantes aliadas no enfrentamento da pandemia de covid-19, pois o veículo permite a mobilidade urbana com distanciamento físico, minimizando a exposição ao coronavírus. Em virtude disso, diversas cidades pelo mundo passaram a criar ciclovias temporárias, conhecidas por aqui como ciclofaixas de lazer.

Neste domingo (28/03), milhares de pessoas saíram às ruas, e literalmente houve uma invasão em massa de ciclistas nas ruas na cidade de São Paulo, nas cidades do ABC, Guarulhos e outras cidades onde foram verificados por representantes de organizações do setor do ciclismo.


Congestionamento de ciclistas na região da avenida Heróis da FEB, em Santana
Crédito da foto: Eduardo Santos

Como já se verificou no mundo inteiro a bicicleta se tornou o meio mais seguro eleito por profissionais da saúde (OMS) e também principalmente pelos ciclistas. A bicicleta tornou-se o meio mais seguro de sair da rotina nesse momento de pandemia, e hoje isso ficou claro (mais uma vez), quando a prefeitura de São Paulo não permitiu a ativação da tradicional Ciclofaixa da cidade de São Paulo.

As pessoas simplesmente não acataram as regras impostas e saíram para pedalar. Eram famílias inteiras com crianças de todas as idades. Comum também eram pessoas correndo, disputando espaços nas ciclovias, e mesmo caminhando e pedalando, passeando com o cachorro, demonstrando que só ficar em casa está difícil.


Ciclistas se arriscam no meio do trânsito na avenida Braz Leme, na região de Santana
Crédito da foto: Eduardo Santos

No momento em que as pessoas desempregadas procuram qualquer bico para poder comprar comida, quando o governo divulgou a pequena ajuda que milhões de pessoas buscam desesperadamente, enquanto empresas dos mais variados setores junto com o comércio fecham as portas de forma assustadora. Essa semana cerca de 800 pessoas que atuam como os conhecidos bandeirinhas da Ciclofaixa perderam a ajuda de custo, essencial para ajudar a levar esperança para muitas famílias. Além deles, cerca de 50 apoios ao trânsito e 60 motoristas, ficaram na mesma situação, todos sem poder contar com o que talvez seria a única fonte de renda para essas pessoas neste momento.

Hoje independente da ativação, as pessoas saíram de suas casas e desafiaram o trânsito para pedalar, sem o apoio desses dedicados colaboradores, o que é lamentável.


Enorme fluxo de ciclistas na avenida Paulista, aproveitando o domingo ensolarado e de forte calor
Crédito da foto: Eduardo Santos


Confira a opinião de ciclistas que se utilizam das ciclofaixas de lazer da Capital, em diferentes pontos da cidade:


Henrique Piegaia (foto), 46 anos, morador da Barra Funda, junto com a esposa Mônica Piegaia (logo atrás dele)e os filhos Vinícius (13) e Lucas (11), pedalavam na avenida Braz Leme, em Santana neste domingo.

"Costumava pedalar na ciclofaixa de lazer, há pelo menos 5 anos", diz Henrique.

"Sou contra (a suspensão). Eu não vejo a ciclofaixa como uma zona de aglomeração. Acho que existem outros locais de aglomeração que não estão sendo vistos e deixado de lado o pouco lazer que ainda temos, que é a ciclofaixa. A gente anda sempre pela ciclofaixa com a família."

Eduardo Nogueira, 46 anos, morador do centro de São Paulo, fala que "é contra a suspensão, mesmo que temporária das ciclofaixas de lazer em São Paulo.? Mas ele faz uma ponderação sobre as ?aglomerações de ciclistas nos pontos de parada, e às vezes, alguns deles sem máscara."

Fernando Silva, 52 anos, é morador do Jacanã.

"A gente está vivendo um período de pandemia, e eu acho que são medidas ruins que para muita gente, o pessoal não gosta, eu também não gosto, mas também acho seja uma medida necessária", revela.


Jeferson Spagiari, (na foto à esq.) 40 anos, morador de Diadema (SP), pedala há 20 anos.

"O paulistano já não tem lazer, se vai tirar a ciclofaixa, com tanto que a gente está hoje em dia, se tirar a ciclofaixa a gente vai fazer o quê? Não vai restar muita coisa para a gente fazer, já que é uma das únicas opções de lazer que a gente tem."

Jonatas Jr. (na foto acima à esq.), 41 anos, também de Diadema, tem a seguinte opinião, "querem nos forçar a ficar em casa, mas a gente tem de cuidar da saúde também. E andar de bicicleta é uma opção saudável, já que não temos outras opções de lazer."


Sidney Matos de Souza (foto), de 40 anos, pedalava na avenida República do Líbano neste domingo junto com Luciana Moraes (foto), também de 40 anos, ambos moradores de Pinheiros, que utilizavam a ciclofaixa de lazer da avenida Brasil.

"Sim. Costumo pedalar na ciclofaixa de lazer na região do Ibirapuera." Ele percebeu que ela (ciclofaixa) não estava instalada no seu percurso e segundo ele, "fez falta".

Na opinião de Sidney, "de final de semana não atrapalha o trânsito e ajuda quem quer vir pedalar, vir com a família e pedalar com segurança, realmente (a suspensão) atrapalhou um pouco." Ele acha que foi prejudicial para o ciclista: "Foi sim", afirma.

Luciana Moraes, opina na mesma direção, "acho super pertinente ter a ciclofaixa, porque é exercício ao ar livre e nos dá disposição e cria anticorpos, que é o que todo mundo precisa hoje, mais saúde, já que dentro de casa a gente não faz exercício físico. Está tudo fechado, como parques e academias e agora as ciclofaixas. Entendo o fechamento do comércio é necessário, mas suspender nossa opção de lazer não é coerente, neste momento."


Bruno de Morais (foto), 32 anos, morador da Bela Vista, é contra a suspensão das ciclofaixas de lazer na Capital.

Costumava pedalar na ciclofaixa de lazer quando ela estava instalada na região do Ibirapuera.

Ele opina dizendo, "não gostei, porque o pessoal fica mais aglomerado ainda nas poucas vias que restam de bicicleta, e muita gente se arriscando, assim como eu com os carros. Eu não vejo que a ciclofaixa de lazer seja um disseminador de coronavírus, pelo contrário, acho que as pessoas conseguem se espalhar mais pela faixa e fica mais seguro para todo mundo."


autor do artigo

Eduardo Santos

Diretor de Redação da Revista Bicycle

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